quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Where the Wild Things Are


Ontem, como um ótimo programa para uma terça-feira chuvosa, fui com alguns amigos no cinema, para ver Onde vivem os Monstros (em original, Where the wild things are). Com direção de Spike Jonze, o filme me surpreendeu. A verdade é que ele era a minha última escolha; queria ver Sherlock Holmes, que apesar das críticas tá com um elenco de matar, ou Avatar - porque, bom, eu sou a única pessoa que ainda não viu, eu acho. Por motivo de força maior (leia "insistência de amigos"), acabei vendo este. E saí querendo viver nele!


Spike Jonze e uma equipe de mestres (que conta com a criança mais fofa do mundo, Max Records, no papel principal de Max) conseguiu reunir efeitos especiais com um filme que realmente te faz voltar à infância. Sem forçar, sem finais felizes exagerados, sem muita moral imposta, WTWTA pode ser visto com a serenidade e falta de preocupação de uma criança. A trilha sonora, então, nem se fala! Dá vontade de se enfiar debaixo dos cobertores com uma lanterna acesa e bichinhos de pelúcia, toda vez que alguma música começa.


Eu tinha ouvido falar deste filme especialmente pela parte de dublagem dos monstrinhos, que foge um pouco do tradicional. Ao invés dos atores que fazem as vozes dos personagens ficarem num estúdio em pé, com o ar condicionado no "menos 15", eles realmente encenaram, vivem cada cena - com movimentos e quedas. Não achei que este detalhe seja perceptível, assim como o filme não é uma obra prima. Possivelmente será esquecido em alguns anos, e acho pouco provável que fãs preguem pôsteres na parede durante mais de alguns meses. Mas é impossível não reconhecer a habilidade do filme de mergulhar no universo infantil - coisa estupidamente difícil para quem vive no mundo dos adultos. Então fica a minha dica: para quem quiser voltar aos tempos dourados, não perca esse filme.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

ABRE A BOOOCAAAA!




Toda vez que alguém me diz que está fazendo faculdade de Odontologia, eu olho estranho. É impossível, IMPOSSÍVEL, que qualquer dentista seja normal por natureza. Simplesmente o fato de você ter escolhido uma profissão que faz você passar horas diárias debruçado sobre uma cavidade bucal te deixa na categoria de freak.

Essa semana eu resolvi passar mais uma vez no dentista - por livre e espontânea vontade, veja bem. Não tinha que ir, era só uma consulta para ver se estava tudo ok (e por isso, imagino que alguém deveria estar colocando alguma coisa na minha bebida ou algo assim. É o tipo de decisão politicamente correta demais para a minha pessoa). Ir ao dentista é intimidatório desde o princípio. Você fica na sala de espera, gelada, olhando pra duzentas revistas que estão em cima da mesa. Claro que você não pega porque pensa "bom, não tem mais ninguém esperando... Eu devo ser o próximo". Passam sete minutos e nada (lembre-se que sete minutos, dentro de um lugar assim, equivalem a vinte no horário normal, mais ou menos). Você decide pegar uma revista, então, e quando está nas primeiras páginas de PURA PROPAGANDA, a recepcionista simplesmente brota da terra na sua frente e diz:

- VAMOS ENTRAR? :)

Recuperando-se do susto e pegando a revista que você jogou ao chão na emoção do momento, você entra no consultório - onde o dentista está, obviamente, em pé com a mão estendida pra você, e aquele cheiro de aqui-não-tem-bactéria-LALALA no ar. A verdade é que eu estou sendo malvada; meu dentista é um amor de pessoa. Mas ele poderia ser uma mistura de Johnny Depp com Brad Pitt tomando Prozac, que eu ainda acharia essa experiência assustadora. É um misto de dor, com exército, com constrangimento.

Essa minha última visita ao dentista foi particulamente, hum, cômica. Enquanto eu estava com aquele tubinho de sugar baba no canto da boca (que no momento se encontrava escancarada), o dentista me olhando de cima com instrumentos de tortura em sua mão, e a estagiária quase pulando em cima de mim (sem contar aquela luz amarela irritante que fica na sua cara), meu telefone resolveu tocar. Incrível o timing do meu telefone. Seus momentos favoritos de marcar presença são: a)durante o banho; b)quando estou dirigindo e tem um CET camuflado me observando; c)reuniões do trabalho. Claro que dentista fica no TOP TEN da lista. Eu resolvo atender, porque era uma ligação importante. Falando com aquele tubinho na minha boca, eu parecia uma mistura de Amy Winehouse drogada, com a Dercy depois de um derrame. ÇUPER ÇEXY. Depois de desligar desejando minha morte, voltei à consulta.

É incrível como, mesmo sabendo da existência do tubo seca-baba que está puxando sua bochecha pro lado e da anestesia MEGA forte que imobiliza metade do seu rosto - porque, afinal de contas, foi ELE que fez isso em você - o dentista resolve puxar papo. Acho que faz parte do ritual, o último toque de crueldade. Talvez para receber o diploma eles precisem assinar um contrato dizendo "Prometo fazer meu paciente passar por situações embaraçosas sempre que possível". O caso é que eles AMAM puxar papo. A fascinação com a boca, talvez.

Dentista: - Natalia, eu vi que você fez outra tatuagem!
Eu: -Uhuummm...
D: -Faz tempo?
Eu: -Hum... nãã...dãis mesis... (fazendo sinal de "dois" com a mão)
D:-Ah sim. E você tem duas pin ups nas costas né? Eu vi. Esse desenho, por quê, hein?
Eu: -ahaaaaiin... eo gostõ...
D: -Adoro pin ups.
Eu: hehe... =] (te odeio)
D: Onde você fez elas? Faz tempo?^
Eu: !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
D: Pode cuspir.


Outra coisa que me irrita mortalmente em dentistas é o fato deles mentirem. MENTIREM! MENTEM MUITO!

Eu: Vai doer muito isso que você vai fazer? (Apontando para uma MÁQUINA DE TORTURA SUPER TECNOLÓGICA, COM REQUINTES DE CRUELDADE, na mão dO Malvado)

D: Magina! Você nem vai sentir.











Eu me pergunto O QUÊ seria dor, então, para ele. Sadomaso, talvez?


E me imagino abrindo o crânio do sujeito com o mesmo instrumento com o qual ele agora me tortura.

Como se não bastasse, até a hora de sair do dentista pode ser constrangedor. Sem sentir a boca e falando como se tivesse levado uma bigornada na nuca, o dentista subitamente te lança o preçinho da consulta.
Uma lágrima quase cai do meu rosto pensando em todas as horas que eu passei trabalhando pra conseguir aquela quantia - que esse sádico conseguiu às custas da minha dor.
Só de raiva, como açúcar puro pra descontar.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

2010 de saudade

O primeiro post de 2010 vem com dias de atraso, mas justificado: recém voltei ao Brasil, estava na Argentina visitando alguns amigos. Córdoba lindo como sempre, e Bs As apaixonante como nunca - me deu vontade de ir viver lá.

Já estou com saudade, e esse verão não me dá vontade de pensar, só de sentir. Então hoje vou fugir do que estipulei para esse blog e vou sentir mais. Que me desculpe São Luis do Paraitinga e Haiti, mas hoje eu vou ser egocêntrica, e focar meu texto em mim. Vou sentir. Sentir o sol na pele, a saudade no peito, o sorriso molhado de lágrima no rosto.

A verdadeira beleza do mundo - seja aqui, na China, na Irlanda ou em Cuba - não são os prédios antigos, a arte no museu, a comida típica. São as pessoas tão diferentes e tão parecidas entre si... Acredito que essa é a coisa que mais me fascina, e que vai me fascinar na mesma intensidade até eu morrer. Que coisa linda essa, de deixar um pedaço seu em um canto qualquer do mundo, e levar outro. Eu já estou espalhada, já escorri por muitos canos e tubulações, estou em quase todos os cantos do mundo, agora...

Conhecem a sensação de que tem algo que só você sabe? Que só você sentiu, que só você conhece? Um misto de coisas que você divide com outra pessoa, e com outra, e mais outra... Que maravilha isso, de sentir algo que é só seu e que ninguém pode tirar. Minha alma tem asas, enquanto meu corpo pesa no chão.

Que a rotina, o trânsito e o stress não me tirem esse sorriso de satisfação da cara. Que meu pensamento livre e leve não acumule os quilos do cotidiano; que eu permaneça assim, sutil e tranquila.

E, mais importante de tudo, que eu não esqueça do meu presente, porque meu passado me fecha e me prende.