quarta-feira, 28 de abril de 2010

Manifesto do Partido da Lágrima

Odeio essa onda de NÃO-DOR. De não poder sofrer, de não poder chorar, de ter que ouvir que é necessário ficar feliz. Quem é feliz o tempo todo não vive.
Gosto de me entregar às coisas com paixão. E na dor é assim também. Gosto de curtir a pressão no peito, o choro eminente, o olhar desinteressado pro mundo. Eu não preciso ficar bem - não agora, não assim. As coisas são assim: não é tudo preto, ou branco. Há mesclas, e não podemos ignorá-las.

Deixo que me rasgue, deixo que me invada, grito e urro de dor. Para estar gargalhando sem motivo dias depois. Não é sobre O QUE você faz, e sim COMO. E eu faço com intensidade.

Não é que eu seja triste - a verdade é que sorrio a maior parte do tempo. A verdade é que vejo graça em tudo. E a maior verdade é que meus sentimentos não têm estabilidade, pulam de um andar para o outro sem a menor cerimônia. E se eles querem assim, quem sou eu pra impedir? Só me resta pular também, e bater forte com o pé quando o chão chegar.

Gosto do absurdo, das conversas sem sentido, das discussões que não existem e mudam o curso das coisas. Gosto do pulo da varanda, da mordida forte, da loucura. Gosto do que me faz voar sem razão e do que me empurra no precipício com um sopro. Minhas escolhas nunca tiveram uma linha, nem minhas emoções terão.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Momento artístico: 3 artistas plásticos sensacionais

Olá, meu querido Raiozinho. Primeiramente, desculpas pela ausência - o lance faculdade-estágio-vida social acaba com uma pessoa, viu. Sem contar que agora eu estou com um blog de rock'n'roll com alguns amigos (htpp://sprockblog.wordpress.com) uhuul. Mas estou de volta pra você!

Fazia tempo que eu queria fazer um post sobre artistas que eu admiro, e quando eu vi um deles em um blog (muito³³³ mais famoso que esse), e resolvi fazer para vocês. Como são duzentos e ninguém lê posts grandes, resolvi pegar 3 que eu curto muito. Aí vai:


John John Jesse



Vou começar pelo meu preferido. Achei esse artista, que tem uma pegada meio punk, anos atrás, sabe-se lá onde, e desde então coloco ele em tudo: no fundo de tela do computador, no background do meu twitter (até agora, só coloquei obras dele. Estou na 3a :] ), e, talvez, futuramnete na minha pele (yaaay!). Eu simplesmente AMO a arte dele, super agressiva e underground. Para quem curte a linha Bukowski - Trainspotting, sinto que será uma boa opção. Toma aí, e toma o site: http://www.johnjohnjesse.net/































Fernanda Guedes

Girl Power Tupiniquim! Essa brasileira tem um estilo incrível, uma mistura de pop, feminilidade e decadência humana, a meu ver. Conheci ela quando distruibuiram uma revista Offline na minha faculdade, e depois, quando comecei a trabalhar na TOP Magazine, a outra jornalista tinha um calendário dela (e depois eu escrevi sobre a exposição Matrioskas dela \o/). Me apaixonei definitivamente, então... Confiram (e vejam mais: http://www.fernandaguedes.com.br/):
































Simon Hennessey

A arte desse cara é absurdamente incrível. Eu adoro arte realista, e that´s what he is talking about! Parecem fotos, e são geralmente feitas em quadros gigantes (o que, pra mim, é mais difícil ainda, porque as proporções são distorcidas...). Eu conheci ele faz pouco tempo, mas adorei. Uma palhinha pra vocês (e, pra quem quiser conferir mais: http://www.simonhennessey.co.uk/):













Enjoy, meus caros.

domingo, 11 de abril de 2010

It´s like pain but doesn´t hurt

O trânsito estava, como sempre, parado. Já estava escuro, e umas poucas gotas fracas caiam no vidro do carro, para reforçar a melancolia. Fazia uma hora e meia que ela dirigia - ou tentava. Procurou no bolso um isqueiro, acendeu mais um cigarro, meio sem vontade. Ela só queria fazer alguma coisa com as mãos, com a boca.

Nada de novo acontecia. Ela corria tanto que mal se lembrava do que havia feito nos últimos dias, mas não era nada de importante. Se a vida dela fosse um livro, suas últimas semanas seriam páginas em branco para não entediar o leitor. As coisas permaneciam estáticas para ela - o resto do mundo, por outro lado, parecia se divertir aos montes. Quando foi que isso tudo mudou?

O carro da frente andou um pouco. Ela engatou a marcha e colou atrás dele mais uma vez. Checou o celular, nada novo. Olhou pro lado, um homem com uns 35 anos de terno a encarava. Ele desviou o olhar, desinteressado. Olhou de novo. Sorriu. Ela fechou o vidro.

"Alguns dias são assim, eu acho", ela pensou. "Acho que não dá para ser feliz todos os dias. Mas nem triste eu ando. Só dormente... E se eu morrer amanhã?"

Ela deu um último trago no cigarro e o jogou pela janela, quase na metade ainda. A chuva diminuia. Mais meia hora e ela estaria em casa.